Apresentado pelo governo federal como “uma grande ação cultural de combate à fome e à pobreza”, o Aliança Global Festival, apelidado de “Janjapalooza”, será realizado no Rio de Janeiro de 14 a 16 de novembro e organizado pela primeira-dama, Janja Lula da Silva.
O evento reunirá 30 atrações de peso da música brasileira, como Alceu Valença, Ney Matogrosso, Daniela Mercury, Fafá de Belém e Zeca Pagodinho. Segundo o Ministério da Cultura, parceiro na organização, todos os artistas receberão um cachê “simbólico” de R$ 30 mil, totalizando R$ 900 mil em pagamentos.
Com entrada gratuita, o Janjapalooza acontecerá na Praça Mauá, na Zona Portuária do Rio de Janeiro, reunindo grandes nomes da música nacional para "promover engajamento" em torno da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa liderada pelo Brasil na presidência do G20. O governo federal afirma que o festival foi inspirado em eventos internacionais como o Live Aid de 1985 e o Free Nelson Mandela Concert de 1988, ambos realizados no Reino Unido.
A proposta do festival é celebrar a diversidade cultural brasileira, unindo artistas de renome para "comprometer o país com uma agenda de combate à fome e à pobreza, justiça climática e uma representação global mais equitativa”. No entanto, nem a primeira-dama nem o governo detalharam como o evento irá contribuir diretamente para a luta contra a fome e a pobreza, e, quando questionado, o Ministério da Cultura não forneceu informações sobre eventuais iniciativas de doações durante o evento.
O festival ocorre na semana anterior à Cúpula de Líderes do G20, marcada para os dias 18 e 19 de novembro, coincidindo com a Cúpula Social do G20. De acordo com o governo, o evento busca usar o poder das expressões culturais para divulgar o compromisso do Brasil em criar uma rede colaborativa de impacto duradouro, mobilizando nações, organizações e cidadãos pela justiça alimentar.
O Janjapalooza é organizado pelo governo brasileiro, em parceria com a Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e Cultura (OEI) e o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), com apoio de patrocinadores como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal (CEF), Itaipu, Petrobras e Prefeitura do Rio de Janeiro. Até o momento, o governo não divulgou detalhes sobre os valores de apoio dos parceiros.
Segundo os organizadores, o evento pretende estimular diálogos abertos para ampliar o debate sobre temas como justiça climática e desigualdade, embora não tenha especificado como essas discussões serão promovidas na prática. A expectativa é que o festival também mobilize recursos e promova coordenação entre países, organizações e a sociedade civil para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, como a erradicação da pobreza (ODS 1) e a fome zero (ODS 2).
O governo afirma que a proposta recebeu apoio de líderes e especialistas internacionais em segurança alimentar, que ressaltaram a importância de um esforço conjunto e sustentável para enfrentar esses desafios globais. As demandas principais deverão ser levadas aos líderes do G20 durante a cúpula.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é esperado no festival e antecipará sua chegada ao Rio para prestigiar o evento. Este será o terceiro festival organizado por Janja, que anteriormente coordenou o Festival do Futuro durante a posse de Lula em janeiro de 2023 e o Festival Pororoca, realizado em Nova York em setembro do ano passado.
O governo anunciou a programação oficial do Janjapalooza, revelando que cada uma das três noites do festival terá um tema específico. A primeira noite, intitulada “Muito Obrigado Axé”, destacará a "ancestralidade e herança africana". Na segunda noite, chamada “O show tem que continuar”, uma orquestra de samba será o destaque, com o objetivo de "celebrar o ritmo tipicamente brasileiro, o povo, a arte, o movimento e a rua".
A terceira e última noite, intitulada “Pro dia nascer feliz”, reunirá estilos musicais variados para "celebrar a diversidade e a esperança em um futuro com justiça social", conforme comunicado oficial.
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