Retorno da cirurgia de Lula reacende discussão interna no PT sobre candidatura para 2026
- Panorama da Semana
- 12 de dez. de 2024
- 5 min de leitura
Atualizado: 21 de mar.

Retorno da cirurgia de Lula reacende discussão interna no PT
A recente cirurgia de emergência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva reacendeu dentro do Partido dos Trabalhadores (PT) um debate sobre a viabilidade de o petista disputar a reeleição em 2026. Muitos dentro do partido expressam preocupação, pois atualmente não há outro nome com viabilidade política para concorrer ao Palácio do Planalto.
A ausência de Lula também tem gerado dificuldades na articulação política do governo no Congresso Nacional neste final de ano. Existe um temor entre as lideranças do Planalto de que pautas como o pacote de corte de gastos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não sejam aprovadas, devido às limitações dos ministros responsáveis pela interlocução com os parlamentares.
Líderes do PT reconhecem a necessidade de renovar o partido e de uma discussão mais aprofundada sobre o futuro pós-Lula. No entanto, diferentes petistas e governistas acreditam que a decisão sobre uma candidatura à reeleição caberá ao próprio Lula.
Além do estado de saúde do petista, outro fator relevante apontado pelos parlamentares é a avaliação do governo e a situação econômica do país no momento da definição das candidaturas. Lula, que atualmente tem 79 anos, completará 81 em 2026.
O presidente Lula aparece como o candidato com melhores chances de vencer as eleições de 2026, segundo uma pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta-feira (12), realizada entre os dias 4 e 9 de dezembro, antes de sua internação de emergência para tratar uma hemorragia intracraniana decorrente da queda que sofreu em outubro. O levantamento indica que, se a eleição ocorresse agora, ele seria reeleito em segundo turno com 51% dos votos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e também venceria outros nomes da direita, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
Apesar da preferência por Lula, a pesquisa também registrou um aumento na desaprovação do governo, que subiu de 45% em outubro para 47% neste mês. Além disso, 52% dos eleitores consideram que Lula não deveria disputar a reeleição em 2026. A Quaest entrevistou 8.598 pessoas entre os dias 4 e 9 de dezembro. A pesquisa tem uma margem de erro de um ponto percentual e um nível de confiança de 95%.
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O nome mais citado como alternativa caso Lula não dispute a reeleição é o do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), que tinha 27% da preferência na pesquisa Genial Quaest. A deputada federal e presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, foram citados por apenas 2% dos eleitores sobre quem poderia assumir a candidatura governista. Políticos de outros partidos, como Ciro Gomes (PDT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), apareciam em melhores posições do que os dois petistas, com 17%, 14% e 4% respectivamente.
Publicamente, o presidente tem apresentado diferentes versões sobre seu futuro político. Em junho, ele declarou que deseja concorrer a um novo mandato para evitar que "trogloditas" voltem a governar o país. No mês passado, porém, ele disse esperar que não seja necessário entrar na disputa. “Eu não preciso ser o candidato”, desconversou.
Gleisi recentemente afirmou que Lula é fundamental para o futuro do partido. "Ele (Lula) é essencial para ganharmos as eleições de 2026. Não vejo outro nome com a capacidade de disputar no cenário político brasileiro", declarou em uma entrevista ao jornal O Globo nesta segunda-feira (9).
O PT manterá discurso público sobre a viabilidade de Lula para 2026
Apesar das discussões internas no PT, uma das estratégias defendidas por petistas próximos ao presidente é que ele deve se manter publicamente como um nome viável. As lideranças do governo rejeitam, por exemplo, qualquer comparação de Lula com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que desistiu de concorrer à reeleição após a iminente possibilidade de derrota para Donald Trump.
“Quem conhece o Lula sabe que não há comparação com Biden. Não se pode trazer essa avaliação para cá”, afirmou a presidente do PT. Lula, por sua vez, já tentou rebater a comparação com o atual presidente norte-americano ao afirmar que está bem de saúde e com disposição. “Quem acha que o Lulinha está cansado, pergunta para a Janja. Ela é testemunha ocular”, disse Lula durante agenda em Osasco, São Paulo.
A ideia dos integrantes do PT é evitar uma disputa interna pela cadeira de Lula com mais de dois anos de antecedência para o fim de seu mandato. O petista, por exemplo, não pediu licença da presidência, e o vice-presidente cumpriu apenas agendas formais do governo enquanto os ministros palacianos estão conduzindo a articulação política.
A legislação prevê a substituição do presidente da República apenas em caso de impedimento ou vaga, como se ele estivesse inconsciente, por exemplo. A expectativa dos médicos é que Lula retorne a Brasília no começo da semana que vem. O petista, porém, precisou ser submetido a um novo procedimento cirúrgico nesta quinta-feira (12) para interromper o fluxo de sangue em uma região do cérebro e evitar novos sangramentos.
“O presidente está absolutamente consciente e disponível, em contato com ministros, apesar de estar em repouso”, afirmou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. “O presidente voltou à consciência logo após o procedimento. Não há, do ponto de vista médico, orientação para afastamento das atividades como presidente da República, apenas repouso”, explicou Padilha.
O futuro do PT depende da sucessão de Gleisi na presidência do partido
Antes de uma definição sobre a candidatura de Lula em 2026, petistas avaliam que a sucessão de Gleisi será crucial para traçar os próximos passos do partido a partir do ano que vem. Internamente, há um grupo de opositores à presidente que acredita que a escolha de um nome mais "moderado" será essencial para suavizar o discurso atual da petista.
Lula, por exemplo, apoia a candidatura de Edinho Silva, atual prefeito de Araraquara, como um líder mais inclinado ao diálogo com setores que hoje estão menos favoráveis à sigla, incluindo os mais próximos ao centro e à direita. Esse grupo acredita que, além de resultados econômicos, a viabilidade da reeleição de Lula dependerá das alianças que o PT conseguir estabelecer com outras siglas fora do campo da esquerda.
Por outro lado, Gleisi está trabalhando para viabilizar seu sucessor e tem defendido a candidatura do deputado José Guimarães (CE), atual líder do governo na Câmara. A eleição para o próximo presidente está marcada para julho do ano que vem.
"Vamos ter seis meses para uma grande discussão dentro do PT. O mais importante nesse processo sucessório é a construção de um programa robusto para o partido e com um foco significativo na eleição presidencial de 2026, preparando o partido para essa disputa", afirmou Gleisi Hoffmann.
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