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Trump em foco: impacto nas parcerias de Lula com China e STF

Atualizado: há 6 dias

Trump em foco: impacto nas parcerias de Lula com China e STF
O presidente do Brasil, Lula, e o presidente da China, Xi Jinping.

A eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos – consolidada com o apoio da maioria republicana no Congresso e da Suprema Corte, além das sinalizações vindas dos principais indicados para compor sua equipe – apresenta novos desafios para a segunda metade do mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).


A vitória de Trump revitalizou a direita no Brasil e aumentou as expectativas de pressões adicionais sobre o Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente contra o ministro Alexandre de Moraes. A partir de 2025, o Brasil pode se ver no centro de uma nova e intensa fase da disputa comercial entre Estados Unidos e China.


Os principais indicados para a nova administração americana – como o bilionário Elon Musk, envolvido em polêmicas com Moraes em 2024, e Marco Rubio, provável chefe da política externa, crítico do STF e de Lula – sugerem que Trump deve direcionar maior atenção ao presidente brasileiro. Além disso, propostas de parlamentares americanos para retaliar decisões do judiciário brasileiro consideradas prejudiciais aos interesses de cidadãos dos EUA e à liberdade de expressão podem ganhar força no próximo ano.


Uma amostra do aumento das tensões foi o incidente diplomático recente envolvendo a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, conhecida como Janja.


Durante o final de semana, suas declarações ofensivas a Elon Musk, amplamente repercutidas internacionalmente, incluíram elogios a Alexandre de Moraes, definido por ela como um "grande aliado" do governo no monitoramento das redes sociais e de opositores políticos. O comentário de Janja foi apoiado pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, intensificando ainda mais a polêmica.


A declaração do magnata, proprietário do X, de que o grupo político de Lula será derrotado nas próximas eleições, deixa evidente sua falta de interesse em estabelecer um diálogo mais próximo. Além disso, reforça a visão de que o Judiciário brasileiro poderá ser visto como um obstáculo às demandas americanas por maior liberdade nas plataformas digitais. Fontes internas indicam que a controvérsia gerou descontentamento entre diplomatas brasileiros. Paralelamente, ministros do STF têm demonstrado preocupação com o fortalecimento da direita ao redor do mundo, especialmente nos Estados Unidos.


O Executivo, o Judiciário e setores da esquerda no Congresso estão empenhados em avançar na regulação das redes sociais

Os ex-presidentes Trump e Bolsonaro mantêm uma parceria que inclui conexões entre seus familiares e aliados políticos, o que tem levado o Palácio do Planalto e o Judiciário a revisarem suas estratégias. Nas últimas semanas, ministros do STF e representantes do Executivo têm articulado ações conjuntas em favor da aprovação de medidas voltadas à regulação das postagens nas redes sociais, uma iniciativa que é criticada pela oposição como uma tentativa de estabelecer censura, especialmente contra grupos e políticos de perfil conservador.


No dia 27 de novembro, o STF deverá julgar ações relacionadas às regras para redes sociais e à responsabilização por conteúdos publicados online. Os casos, que estão sob a relatoria de Dias Toffoli, Luiz Fux e Edson Fachin, avaliam dispositivos do Marco Civil da Internet, com foco no artigo 19. Esse artigo estabelece que as plataformas só podem ser responsabilizadas por conteúdos caso descumpram ordens judiciais para sua remoção.


Os casos abordam questões como o aumento da responsabilidade das plataformas por conteúdos que promovam discursos golpistas, incitem ódio ou ataquem a democracia, além da possibilidade de decisões judiciais determinarem o bloqueio do WhatsApp. A análise ocorre em meio a sucessivos adiamentos, enquanto o Congresso ainda não avança com o Projeto de Lei das Fake News. Empresas como Meta e Google estão entre as mais impactadas, enquanto o governo defende que as plataformas assumam maior responsabilidade, mesmo na ausência de decisões judiciais.


Demonstrando a proximidade e constante diálogo entre Lula e integrantes do STF, o presidente se reuniu no Palácio da Alvorada com os ministros Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin, além do diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, na quarta-feira (13). O encontro, que não constava na agenda oficial, teria como objetivo discutir questões de segurança, segundo informações do Planalto, e ocorreu pouco após as explosões na Praça dos Três Poderes.


Lula e Xi Jinping se comprometem a fortalecer as relações em comércio e investimentos

A eleição de Donald Trump tem incentivado o presidente Lula a fortalecer ainda mais os laços com a China, liderada por Xi Jinping. Durante a cúpula do G20 no Rio de Janeiro, Xi aproveitou a oportunidade para promover um diálogo renovado entre os dois países, ressaltando em um artigo publicado no último sábado (16) pela Folha de São Paulo que Brasil e China devem "navegar juntos" em defesa de seus interesses compartilhados.


A vitória de Trump e o fim da gestão de Joe Biden interromperam avanços esperados na reunião das principais economias globais. Temas de destaque, como acordos para combater a fome mundial, propostas para a taxação dos super-ricos e novas metas ambientais, perderam força diante das mudanças no cenário político.


A parceria entre Brasil e China deve ganhar ainda mais relevância com a visita de Estado de Xi Jinping a Brasília, realizada na quarta-feira (20), logo após o término do G20. Durante o encontro, Lula recebeu o líder chinês, firmando dezenas de acordos bilaterais, com foco especial em projetos industriais.


Em 2023, o Brasil alcançou um marco histórico em suas exportações para a China, totalizando US$ 104,3 bilhões, superando as vendas combinadas para Estados Unidos e União Europeia. Enquanto Trump intensifica esforços para estreitar laços econômicos com a Argentina, Xi Jinping vê no Brasil uma oportunidade estratégica para ampliar a integração da América do Sul à Nova Rota da Seda, por meio de investimentos robustos em infraestrutura. No entanto, a adesão do Brasil a essa iniciativa chinesa ainda não foi confirmada.


Mudanças no cenário externo trazem otimismo aos defensores de uma parceria mais forte no BRICS

O consultor eleitoral e cientista político Paulo Kramer destaca que a China tem intensificado seus esforços para expandir sua influência no Brasil e na América Latina, um movimento que ocorre em paralelo a iniciativas de figuras próximas ao presidente Lula, que buscam fortalecer uma aliança mais robusta entre os países do Sul Global. Este grupo é composto por economias emergentes que desejam reduzir sua dependência do comércio com os Estados Unidos e das transações realizadas em dólar.


Segundo Kramer, nomes como o ex-ministro José Dirceu e o diplomata Celso Amorim, considerado um chanceler informal, estão empenhados em aproximar o Brasil da China, Rússia e Irã, com o objetivo de desafiar a hegemonia dos EUA e de outras democracias ocidentais. Nesse contexto, uma possível vitória de Donald Trump nas eleições americanas apenas aceleraria um movimento já em andamento, com o fortalecimento das relações no âmbito dos BRICS.


De acordo com o cientista político Leonardo Barreto, da consultoria Think Policy, o interesse da China em fortalecer sua parceria com o Brasil carrega um grande valor estratégico. Com a perspectiva de novas e pesadas tarifas comerciais impostas por Trump, além da retirada do apoio político e financeiro americano de organizações multilaterais, o cenário também pressiona a China.


"Antecipando a mudança que ocorrerá a partir de 20 de janeiro de 2025, com a posse de Trump, os chineses já começam a implementar sua estratégia global. Eles buscam demonstrar que a China é um parceiro mais estável e previsível do que os EUA, competindo diretamente com os americanos pela influência", afirma Barreto.


Para o analista, dado que Trump tende a adotar uma postura mais unilateral com seu lema “America First”, a mensagem de Xi Jinping será de que a China se posiciona de forma moralmente superior, defendendo a cooperação internacional e ganhos mútuos. "Se essas mensagens forem acompanhadas de bilhões em investimentos, terão um grande apelo", ressalta Barreto.






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